TRANSBORDO DO LIXO DE FLORIANÓPOLIS ESTÁ ULTRAPASSADO. CAMINHÃO CARRETA COM LIXO TOMBA NO CENTRO DA CIDADE

Nos últimos 5 anos em Florianópolis, Santa Catarina, os sucessivos acidentes com caminhões carregados com lixo mostram que há algo profundamente errado na gestão de resíduos sólidos da cidade, quando se trata de transbordo de lixo.

Em 2018, 2020 e 2023, os acidentes com caminhões carretas, esses carregados com lixo, são fortíssimos indícios de que a operação de transbordo de resíduos sólidos urbanos da cidade de Florianópolis está ultrapassada.

Caminhão com lixo tomba na pista em Florianópolis em 2018
Caminhão carreta tomba na pista em Florianópolis em 2020
Caminhão carreta carregado com 35 toneladas de lixo tomba na pista em Florianópolis em 2023

Para entender a operação de transbordo de lixo de Florianópolis para o município de Biguaçu, é necessário que o leitor tenha conhecimento de que a coleta de lixo é realizada por meio de caminhões coletores, e que esses trafegam e operam na parte no território Continental e parte na Ilha de Santa Catarina.

Biguaçu é o município catarinense que recebe os resíduos sólidos domiciliares, e públicos, ditos urbanos de Florianópolis. e de dezenas de outros municípios. Lá em Biguaçu os resíduos sólidos urbanos de Florianópolis são enterrados no aterro sanitário de Tijuquinhas, empreendimento do grupo francês VEÓLIA.

Aterro Sanitário Tijuquinhas, ao lado do Rio Inferninho, em Biguaçu, SC, empreendimento do grupo francês VEÓLIA

O total de 100% do lixo coletado em Florianópolis é direcionado a uma Estação de Transbordo de Resíduos, essa localizada na Rodovia Admar Gonzaga 72, no bairro de Itacorubi, na Ilha de Santa Catarina.

Estação de Transbordo Itacorubi – Florianópolis – SC

Todos os dias toneladas de lixo atravessam a ponte Pedro Ivo Campos, que viabiliza a entrada na Ilha de Santa Catarina, onde está instalada a sede da Prefeitura de Florianópolis. Popularmente se diz que o lixo entra na “Ilha da Magia”. Muitos turistas ficam surpreso com o fato de que o lixo do Continente entra na Ilha de Santa Catarina para depois sair e transportado para o município de Biguaçu, onde é enterrado no aterro sanitário privado.

Diariamente diversos caminhões coletores de lixo, que operam no Continente nos bairros de Florianópolis ultrapassam a ponte Pedro Ivo Campos para descarregar dezenas de toneladas de resíduos sólidos urbanos na Estação de Transbordo de Resíduos no bairro Itacorubi.

Parte do lixo de Florianópolis que entra na Ilha de Santa Catarina, deveria permanecer no Continente para de lá serem encaminhadas as toneladas de resíduos sólidos urbanos a destinação final no aterro sanitário da VEÓLIA, em Biguaçu. O lixo não deveria entrar na Ilha de Santa Catarina.

O lixo entra na Ilha de Santa Catarina porque no Continente não existe uma Estação de Transbordo de Resíduos. Sem esse empreendimento no Continente, a Prefeitura de Florianópolis gasta dinheiro público enviando o lixo para Itacorubi, para dentro da Ilha, aumentando a quilometragem percorrida de dezenas de veículos caminhões coletores de resíduos que trafegam diariamente na avenida Beira Mar Norte. Basta parar o trânsito de veículos em Florianópolis, e a operação de transbordo do lixo do Continente está comprometida.

Os caminhões carretas carregados com lixo, assim como os veículos que entram vazios, sem carga de lixo, acabam ficando retidos no trânsito, o que atrasa o roteiro e aumentam os custos, com combustível, horas extras e outros itens.

Florianópolis não tem aterro sanitário. Possui apenas uma Estação de Transbordo de Lixo que diariamente recebe mais de 600 toneladas de resíduos sólidos urbanos.

O aterro sanitário mais perto de Florianópolis fica no município de Biguaçu. Da ponte Colombo Salles em direção ao norte são 40 km de estrada para chegar no aterro sanitário da VEÓLIA. E se o trânsito estiver parado, ou mesmo com muitos outros veículos, dito truncado, não há qualquer dúvida do comprometimento da operação de transbordo em Florianópolis.

Em tempos de verão piora a situação. Não só o transbordo de resíduos sólidos urbanos fica prejudicado, atinge a coleta de lixo realizada pelos caminhões coletores. Bairros mais distantes do centro de Florianópolis sofrem mais com o verão.

A população de Florianópolis estimada em 574.200 habitantes segundo o Censo 2022, certamente mais que dobra na temporada de verão. E aumenta o lixo produzido e a operação de transbordo do lixo vira um caos. Os roteiros de coleta e de transbordo atrasam, e os dois serviços públicos funcionam nas 24 horas.

As toneladas de lixo coletadas diariamente na Capital catarinense são encaminhadas para a Estação de Transbordo de Resíduos, no bairro Itacorubi, em Florianópolis, e lá os caminhões carretas são carregados com lixo para depois rumar para Biguaçu.

Os caminhões carretas trafegam pela avenida Beira Mar Norte de Florianópolis e ultrapassam a ponte Colombo Salles rumo a Biguaçu, município onde descarregam as mais de 17,5 mil toneladas de lixo mensalmente.

Florianópolis produz mais de 600 toneladas por dia ou 17,5 mil toneladas por mês de resíduos sólidos urbanos.

A operação de transbordo de resíduos sólidos urbanos se dá quando o lixo chega na entrada da Estação no Itacorubi, onde é pesado. A seguir o caminhão coletor vai até a parte de descarga do lixo, local esse elevado e coberto.

No local de descarga o caminhão coletor “bascula” o lixo em cima da carreta que está na parte inferior da Estação de Transbordo.

Há uma máquina com lâmina para pressionar o lixo dentro da carreta para o lixo não ficar solto. Lixo solto gera tombamento do veículo.

Na parte inferior da área de descarga do lixo na Estação de Transbordo, os caminhões carretas permanecem para serem carregados com o lixo. Um veículo por vez.

A seguir, a carreta do caminhão é “enlonada”, ou seja, coberta com lona. Finalmente, o caminhão carreta carregado com lixo, algo perto de 35 toneladas de resíduos sólidos se dirige a saída da Estação de Transbordo.

Antes de sair é pesado o lixo. E a seguir inicia a trafegabilidade dentro da Ilha de Santa Catarina, percorrendo as avenidas repletas de veículos, e que qualquer acidente será um caos na cidade de Florianópolis.

Pesagem do lixo na Estação de Transbordo de Florianópolis

O enlonamento é um procedimento que visa a proteção da carga, do lixo, evitando a ação de intempéries (sol, vento, chuva), além de claro, as quedas de resíduos sólidos que podem gerar acidentes graves nas avenidas e rodovias.

Para sair da Ilha de Santa Catarina o caminhão carreta carregado com lixo precisa fazer uso da ponte Colombo Salles, que vem a ser uma das três pontes do complexo que liga a Ilha de Santa Catarina ao Continente. Faz a ligação entre as duas partes de Florianópolis. Foi concluída em 1975 e possui 1.227 metros de extensão, contendo quatro pistas no sentido Continente.

Essa operação diária de transbordo de 600 toneladas de resíduos sólidos domiciliares e públicos, ditos urbanos de Florianópolis está ultrapassada. E acaba gerando acidentes com os caminhões carretas carregadas de lixo em pleno centro da cidade. Os últimos 5 anos foram três ocorrência iguais, com tombamento dos veículos, lixo e óleo na via pública e um caos no trânsito de Florianópolis.

O poder municipal deve estudar, planejar e implantar um novo sistema de transbordo de lixo para Florianópolis. A Ilha de Santa Catarina não comporta mais a trafegabilidade diária de dezenas caminhões carretas carregadas com lixo, pesadas com 35 toneladas de resíduos circulando pela avenida Beira Mar Norte. O risco de acidente é altíssimo.

E o previsível acaba acontecendo.

Nessa segunda-feira, 10/04/2023, por volta das 13h30, um caminhão carreta carregada com lixo tombou na alça de acesso do elevado Dias Velho para a Avenida Gustavo Richard, que leva à ponte Colombo Salles, em Florianópolis.

Caminhão carreta com 35 toneladas de lixo tomba na pista em Florianópolis em 10/04/2023

O veículo transportava cerca de 35 toneladas de lixo que foram carregadas na Estação de Transbordo de Resíduos da Prefeitura de Florianópolis. E o acidente gerou o caos na cidade. O lixo foi espalhado na via pública, e o óleo de caminhão foi derramado na pista. O veículo sofreu enormes avarias e motorista se salvou. Apenas um susto!

O acidente provocou longas filas em vários pontos da região central de Florianópolis, como nas avenidas Gustavo Richard e, por consequência, na Via Expressa Sul e na Avenida Beira Mar Norte. O caos se instalou na cidade.

De acordo com a Guarda Municipal de Florianópolis (GMF), o acidente ocorreu após o condutor (motorista) ter perdido o controle do caminhão carreta ao fazer a curva na alça. O tombamento do veículo ocasionou a lentidão do trânsito no local, onde motoristas registram cerca de 30 minutos para andar aproximadamente 100 metros.

Certamente todos os motoristas ficaram descontentes em ver o lixo derramado, o óleo na pista e o caminhão tombado, e ter que atrasarem seus compromissos. Um prejuízo incalculável para a população e para a cidade.

 

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