Criação de urubus no LIXÃO DA CAXIMBA fazem o último festim em 2010
O tempo passa. São 10 anos que o LIXÃO DA CAXIMBA está lacrado, fechado os seus portões para o recebimento de resíduos sólidos urbanos de Curitiba e de dezenas de municípios do Paraná que lá enterravam 2.400 toneladas de lixo por dia no empreendimento público.
Foto mostra o aterro sanitário da Caximba em Curitiba, popularmente conhecido por LIXÃO DA CAXIMBA, em 29/10/2010
Um cheiro insurportável causado pela operação com o lixo a céu aberto adentrava nas vias respiratórias de todos os moradores do bairro da Caximba. Vetores urubus e outros pássaros faziam banquetes no LIXÃO DA CAXIMBA. “As imagens daquela época corriam o mundo”.
Quem vive em Curitiba no Paraná já ouviu falar do LIXÃO DA CAXIMBA. Aliás o mundo conhece esse empreendimento que é um dos maiores passivos ambientais da América do Sul.
O leitor pode conhecer o empreendimento LIXÃO DA CAXIMBA no Google Earth nas coordenadas 25°37’10.81″S e 49°20’11.87″O.
O aterro sanitário da Prefeitura de Curitiba, conhecido popularmente por LIXÃO DA CAXIMBA iniciou a receber o lixo em 20 de novembro de 1989, e desde a data de 01 de novembro de 2010 esse empreendimento está lacrado para o recebimento de resíduos sólidos domiciliares e urbanos, diga-se de passagem popularmente para qualquer tipo de lixo.
Uma decisão da Justiça do Paraná encerrou as operações no empreendimento público que infernizou a vida dos moradores do bairro da Caximba. Por lá já transitaram os ex-prefeitos de Curitiba, Beto Richa, Luciano Duci, Gustavo Fruet e Rafael Greca.
Em 10 anos projetos mirabolantes já foram propostos para a área do LIXÃO DA CAXIMBA. Projetos de parque, usina de queima de lixo, estação de enegia e outras dezenas de propostas fazem parte da política ambiental local. Mas nada aconteceu.
O LIXÃO DA CAXIMBA está lá de pé no bairro da Caximba em Curitiba assistindo os políticos decidirem o que fazer com o passivo ambiental.
Presidente Jadir de Lima e moradores na luta pelo fechamento do LIXÃO DA CAXIMBA
Poucos conhecem os bastidores do LIXÃO DA CAXIMBA. Entre os que lideraram o movimento para o fechamento desse emprendimento está o ex-presidente da ADECOM CAXIMBA, Sr. Jadir Silva de Lima.
Jadir de Lima lider do bairro da Caximba e ex-presidente da ADECOM CAXIMBA
O movimento que exigia o fechamento do LIXÃO DA CAXIMBA.
Lideranças do bairro da Caximba falaram com o mundo ambiental de Curitiba e do Paraná. Lutaram por anos para ver o LIXÃO DA CAXIMBA fechado. O ditado “água mole em pedra dura tanto bate até que fura” tem uma valiosa verdade: a persistência das lideranças do bairro e dos moradores da Caximba ao longo do tempo são os verdadeiros responsáveis pelo sucesso do fechamento do LIXÃO DA CAXIMBA.
Lembro de uma passagem do líder Jadir de Lima, que compareceu a uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Curitiba, em novembro de 2009, onde levaram algumas garrafas pets com chorume. As tampas foram lacradas com cola e as garrafas pets com coloração escura de chorume, do rio Iguaçu, serviram para uma comparação com garrafas transparentes que continham agua de poço e que eram oferecidas aos parlamentares. Atônitos os parlamentares entenderam a mensagem dos líderes da Caximba.
Os moradores do bairro da Caximba estavam no limite da convivência com esse empreendimento público operado pela iniciativa privada. Teve prefeito de Curitiba à época que chegou a declarar que iria construir um novo aterro sanitário no bairro da Caximba. Até a área para instalar o novo lixão no bairro Caximba o prefeito indicou. Bastou. Um lixão incomoda muita gente, dois lixões incomodam muito mais!!!!
E a entidade ADECOM CAXIMBA ingressou na Justiça do Paraná onde obteve vitória impedindo que a Prefeitura de Curitiba viesse a construir no bairro da Caximba um segundo aterro sanitário.
Um dos últimos banquetes no “Lixão da Caximba” foram registrados na data de 29/10/2010, dois dias que antecederam o fechamento desse empreendimento.
Urubus no LIXÃO DA CAXIMBA em Curitiba
O administrador e ambientalista Enio Noronha Raffin esteve em Curitiba para coletar duas centenas de fotos do empreendimento LIXÃO DA CAXIMBA. No sobrevoo de helicóptero acompanhou o líder presidente Jadir de Lima. As fotos registradas na oportunidade dizem tudo.
Na segunda-feira, dia 1º. de novembro de 2010, a prefeitura de Curitiba cumpriu a determinação da Justiça do Paraná e fechou os portões desse empreendimento para o ingresso de lixo, conforme a sentença contida na Ação Ordinária com Pedido de Antecipação de Tutela – 2801/2009. Isso faz 10 anos.
As fotos aéreas, de autoria do administrador Enio Noronha Raffim, mostram o aterro sanitário municipal curitibano na antevéspera de seu fechamento. São as últimas fotos do moribundo e famigerado “Lixão da Caximba”.
Foto do LIXÃO DA CAXIMBA em 29 de outubro de 2010
Durante 21 anos a prefeitura de Curitiba permitiu que o seu empreendimento servisse de destino final dos resíduos sólidos urbanos para pelo menos duas dezenas de cidades paranaenses e de centenas de empresas privadas. O passivo ambiental que lá existente no bairro Caximba é de responsabilidade de todos os municípios da região metropolitana que enterraram durante mais de duas décadas os seus resíduos sólidos domiciliares e urbanos no aterro sanitário de Curitiba.
O LIXÃO DA CAXIMBA foi oficialmente encerrado às 8 horas do dia 1º. de novembro de 2010.
As fotos do Aterro Sanitário da Caximba em 29/10/2010 mostram a existência de uma frente de trabalho enorme com lixo a céu aberto. E com o lixo descoberto os urubus fazem os seus festins.
A Biologia nos diz o que é um vetor (servem de veículo ou intermediário para os germes patogênicos ou parasitos; hospedeiro intermediário). Dizem nas escolas que o urubu tem por nome científico “Coragyps atratus”, pertencente a família Cathartidae.
No aterro sanitário da Caximba em 29/10/2010 os urubus estavam aos milhares aguardando pelo último banquete disponível a céu aberto.
Os urubus, com o “lixo a céu aberto”, acabam tendo farta comida na Caximba. Eles se alimentam com o lixo e se reproduzem no início da primavera. Diferentemente da maioria das aves, os urubus não constroem ninhos em plantas. As fêmeas colocam dois ou três ovos, sendo que o período de incubação varia de 49 a 56 dias conforme a espécie. Os urubus têm um andar engraçado e desengonçado por causa de seus pés chatos. Eles não possuem habilidade para caminhar, como fazem outras aves, e dão pequenos pulinhos para se deslocar. Ao contrário de aves de rapina como as águias, os urubus não têm uma garra funcional, por isso não conseguem capturar presas. Como é um animal necrófago o urubu sempre está presente em lixões e aterros sanitários onde o lixo está descoberto, como era o LIXÃO DA CAXIMBA em Curitiba. Para encontrar a refeição, o urubu conta com olfato e visão apurados. São capazes de ver um bicho pequeno a 3 mil metros de altura. Manter um aterro sanitário com lixo a céu aberto é estimular a criação de urubus e colocar em risco a saúde pública.
Lá na Caximba os urubus esperaram o anoitecer para realizar o último banquete naquele empreendimento. Nenhuma autoridade foi ver de perto o último festim dos urubus da Caximba. Para os moradores da Caximba só restou dizer: “Adeus Caximba”!!!
FELIZ ANIVESÁRIO CAXIMBA. LIXÃO NA CAXIMBA NUNCA MAIS!
Moradores da Caximba foram conferir na data de 01 de novembro de 2010 o fechamento dos portões do LIXÃO DA CAXIMBA.
