CONTORNO VIÁRIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS: INFRAESTRUTURA RODOVIÁRIA REVELA O MAIOR PASSIVO AMBIENTAL DE SANTA CATARINA

Com a entrega do relevante projeto de infraestrutura rodoviária denominado Contorno Viário da Grande Florianópolis, obra construída pela empresa ARTERIS, uma das maiores gestoras de rodovias do País, o total de 1,1 milhão de pessoas poderão visualizar o maior passivo de Santa Catarina.

O Contorno da BR-101/SC, nome oficial do Contorno Viário da Grande Florianópolis, também chamado Contorno Viário de Florianópolis, é uma rodovia brasileira com características de autoestrada e anel viário localizada entre os municípios de Biguaçu, São José e Palhoça, na Região Metropolitana de Florianópolis, e que foi inaugurada em 09 de agosto de 2024.

A obra consumiu R$ 3,9 bilhões em investimentos, parte financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDS.

Na imagem acima a linha amarela é a via do Contorno Viário da Grande Florianópolis. Com essa via, calcula-se que um universo significativo de veículos, que precisam seguir para o Sul percorrendo a BR 101, terão a trafegabilidade realizada em 40 minutos para ultrapassar as cidades. O trânsito hoje complicado na BR 101, que passa por Biguaçu, São José, Florianópolis e Palhoça, que com certeza vai melhorar.

Considerada a maior obra de infraestrutura rodoviária da América Latina, o Contorno Viário da Grande Florianópolis irá contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do Estado de Santa Catarina.

A concessionária ARTERIS cumpriu todos os ritos para a construção da rodovia, seguindo rigorosamente as exigências de licenciamento ambiental federal, garantindo a emissão das licenças (EIA/RIMA, LP, LI e LO).

Quem vê a fotografia acima, do Contorno Viário da Grande Florianópolis publicada pela ARTERIS, pode focar no centro da imagem e conhecer o maior passivo ambiental de Santa Catarina.

O Aterro Sanitário de Biguaçu, ou de Tijuquinhas, ou Proactiva, hoje denominado Centro de Gerenciamento de Resíduos Tijuquinhas, empreendimento de titularidade do Grupo VEOLIA, é um dos grandes usuários de água da Bacia Hidrográfica do Rio Inferninho. Está localizado no município de Biguaçu, SC, nas coordenadas geográficas Latitude 27°21’35.34″S e Longitude 48°38’19.18″O.

O empreendimento que tem por administradora a Veolia Environnement trata de um aterro sanitário com sistema de valas e/ou células para recebimento de resíduos. A área de operação (licenciada) é de 862.273,69 m². O aterro recebe aproximadamente 1.500 toneladas por dia de resíduos classificados majoritariamente como não perigosos não inertes e não perigosos inertes (Classe II-A e II-B respectivamente, conforme a Norma ABNT NBR 10004).

Os resíduos são originados principalmente de serviços de limpeza pública de municípios da região da grande Florianópolis inclusive os resíduos sólidos urbanos da Capital de Santa Catarina, e secundariamente de origem comercial e de serviços e saúde. A operação do aterro é administrada pela Veolia Environnement e realizada 24 horas por dia, sete dias por semana.

O aterro sanitário administrado pela Veolia Environnement deve gerar nos quatro anos do prazo de validade da LICENÇA AMBIENTAL DE OPERAÇÃO N° 378/2021, o total de mais de 1 bilhão (1.036.800.000) de litros de efluente tóxico de chorume de aterro sanitário, que é lançado no recurso hídrico hoje denominado RIO QUINTA DOS GANCHOS, o qual tem a sua foz no Oceano Atlântico.

É bom lembrar que esse aterro sanitário, conhecido lá atrás por Tijuquinhas, foi palco de investigação da Polícia Federal (PF) por omissão de fiscalização de irregularidades no empreendimento em Biguaçu/SC. O nome dado a essa Operação é Dríade.

Em outubro de 2007, a Polícia Federal começou as investigações de crimes a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que seriam praticados por empresários, com o apoio de funcionários públicos estaduais e municipais, “que teriam se omitido na fiscalização de irregularidades no aterro sanitário no município e emitido laudos falsos que permitiram a expedição de licenças irregulares para empreendimento aterro sanitário Tijuquinhas em Biguaçu.”

Em 25 de setembro de 2009, foram coleradas imagens aéreas no aterro sanitário de Tijuquinhas, instalado desde 1991 no município de Biguaçu, em Santa Catarina, empreendimento à época de titularidade da empresa privada PROACTIVA.

Hoje conhecido por rio Quinta dos Ganchos, o rio Inferninho cruza a BR-101 e tem a sua foz, ponto de desaguamento no mar, no Oceano Atlântico, quase ao lado do Canto dos Ganchos, em Governador Celso Ramos/SC.

Quatorze anos após a primeira visita externa ao aterro sanitário de Tijuquinhas, novamente se obteve imagens externas desse empreendimento, em 29/02/2024.

Hoje o aterro sanitário de Tijuquinhas passou a ser chamado pelo nome de Centro de Gerenciamento de Resíduos Tijuquinhas – CGR VEOLIA, que está à beira do RIO INFERNINHO, hoje “rio Ponta dos Ganchos”, distante menos de 500 m do curso d’água, a exatamente 370 metros do recurso hídrico.

Rodovia BR 101 sentido Florianópolis SC a Curitiba PR.

Na foto acima é o local da descarga do efluente tóxico de chorume do aterro sanitário de Tijuquinhas. É importante registrar que o “EFLUENTE DE CHORUME TRATADO NÃO ELIMINA 100% O SEU POTENCIAL POLUIDOR”.

O lançamento de mais de um bilhão de litros de efluente tóxico de chorume de aterro sanitário, nos quatro anos do prazo de validade da LICENÇA AMBIENTAL DE OPERAÇÃO N° 378/2021, ocorre no rio Inferninho (rio Quinta dos Ganchos) que deságua no Oceano Atlântico.

O ponto de lançamento do efluente de chorume do aterro sanitário da VEOLIA está a uma distância de 595 metros do RIO INFERNINHO, e passa por baixo da via do Contorno Viário da Grande Florianópolis sendo então descarregado no Rio Inferninho.

E o que mudou? Mudou o nome no rio. Mas esse recurso hídrico é o mesmo que recebe diariamente milhares de litros de efluente tóxico de aterro sanitário.

Mudou também o nome do aterro sanitário Tijuquinhas para CENTRO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS TIJUQUINHAS.

A montanha de lixo em Biguaçu aumentou significativamente com a destinação de 1.500 toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos no CGR VEOLIA.

Já o Meio Ambiente podemos dizer que piorou muito. Resíduos sólidos urbanos (DOMICILIARES, orgânicos) geram o “odor desagradável” que se identifica na estrada nacional BR-101, agora no Contorno Viário da Grande Florianópolis. Quem por lá passar certamente vai elogiar a obra da ARTERIS. Mas muitos vão sentir o “cheiro do lixo” do maior passivo ambiental de Santa Catarina.

Ao transitarem pelo Contorno Viário da Grande Florianópolis, serão1,1 milhão de pessoas que poderão visualizar o maior passivo do estado de Santa Catarina e em dias críticos vão sentir o desagradável cheiro do lixo.

A via do Contorno Viário da Grande Florianópolis foi descoberta pelos urubus do aterro sanitário da Veolia, em Biguaçu, SC, que lá fazem pouso nos intervalos de seus banquetes no lixo a céu aberto do empreendimento que está a uma distância de 170 metros da estrada.

Fonte: Fotos da OSCIP AÇÃO AMBIENTAL de fevereiro de 2024.

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