No município de Viamão, no Rio Grande do Sul, há um bairro denominado CANTA GALO. É nesse bairro de CANTA GALO que está há dezenas de anos a Escola de Campo Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, localizada na Rua Anielo Feula, 2955 – Canta Galo, Viamão – RS, em zona rural, de dependência Estadual, e atende o Ensino Fundamental na modalidade de Ensino Regular.
A Escola existe há 74 anos e possui os recursos básicos de Abastecimento de água, Energia elétrica, Esgoto e Coleta de lixo. Suas instalações contam com Almoxarifado, Área verde, Banheiros, Biblioteca e/ou sala de leitura, Cozinha, Refeitório e área para prática desportiva e recreação, e salas de aulas, entre outros recursos. Matriculas para até 50 alunos.
Mesmo com desacordo de pais, professores e funcionários, a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul fecha a Escola de Campo Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha.
Desde a última quinta-feira (9/01/2025) deixará de formar 50 alunos por ano. Grosseiramente se considerarmos 50 alunos por ano, e a existência da escola há 74 anos, certamente algo em torno de 3.700 crianças teriam passado pela Escola de Campo Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Viamão.
O fechamento da instituição causa indignação aos pais, professores e funcionários. O fechamento dessa escola agrava a disparidade social, prejudica pequenas comunidades e compromete o acesso à educação de qualidade para todos.
Há reconhecimento de que essa escola é importante, pois é um marco de excelência na comunidade, e fechar o colégio é um desrespeito as famílias que vivem da produção rural em Viamão.
Conforme os moradores, um comboio de caminhões e pequenos veículos da Secretaria de Educação do RS (Seduc) transportaram o patrimônio da Escola Liberato para um depósito na Escola Técnica de Agricultura (ETA) de Viamão na manhã da última 5ª. Feira dia 9/01.
Há no bairro rural do Canta Galo uma segunda escola, essa para o nível fundamental e médio. A Comunidade da Terra Indígena Jata´ity, de Viamão, está inserida numa área de 250 hectares, rica em fauna e flora, onde vivem 42 famílias, cerca de 170 pessoas. Desta área, boa parte é mata nativa e fração da mesma é utilizada para cultivo agropecuário.
Desde os anos 80, os “Guarani do Cantagalo” vivem da extração, produção e comercialização do artesanato tradicional, turismo rural e auxílios sociais, entre outras políticas públicas. Atualmente, as casas têm luz elétrica, e a comunidade conta com um posto de saúde e uma escola estadual de nível fundamental e médio, que procura articular o conhecimento dos Guarani, inclusive com professores locais.
É nesse mesmo bairro do Canto Galo que o governo estadual, que fecha a Escola de Campo Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, está licenciando um mega aterro sanitário para receber os resíduos sólidos urbanos (resíduos domiciliares e resíduos públicos) de Viamão (120 ton/ida) e da cidade de Porto Alegre e de dezenas de municípios da região metropolitana da Capital.
Por sua vez, o mega aterro sanitário, denominado por CGA Figueiras, é um projeto e proposta de licenciamento ambiental da EBMA – Empresa Brasileira de Meio Ambiente S/A, CNPJ no. 01.369.424/0001-90, que tem por diretores Antônio Carlos Ferrari Salmeron, Ricardo Mota De Farias e Hudson Bonno, cuja empresa privada carioca pertence a empresa Vital Engenharia Ambiental S.A., ambas do grupo Queiróz Galvão.
A capacidade mensal desse mega aterro sanitário, conforme solicitação da EBMA a FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler, é para 45.000 toneladas por mês, ou seja, o total de 1.500 toneladas por dia, ou ainda 540.000 toneladas de lixo/ano a serem enterradas no bairro rural do Canta Galo.
Em um ano sem a Escola de Campo Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, no Canta Galo, na área rica em fauna e flora, sendo boa parte mata nativa e repleta de recursos hídricos, é temerário enterrar 540.000 toneladas de lixo. Em 20 anos de vida útil desse mega aterro sanitário serão 10.800.000 (dez milhões e oitocentos mil) toneladas de lixo enterradas no Canta Galo.
O Processo no. 004710-056/20-3 de interesse da EBMA e que tramita na FEPAM-RS faz prova de que o pedido da capacidade de recebimento de resíduos sólidos urbanos é de 45.000 ton/mês, ou seja, 540.000 ton de lixo por ano a serem enterradas no Canta Galo, quando a carta compromisso da EBMA dirigida a prefeito e protocolada na Prefeitura de Viamão informa que serão 120 ton por dia.
No documento denominado DECLARAÇÃO DE RECEBIMENTO DE RESÍDUOS, instrumento público da EBMA, que foi protocolado na FEPAM-RS, órgão estadual responsável pelo licenciamento ambiental de aterro sanitário no Rio Grande do Sul, consta que o empreendimento se destina ao recebimento dos resíduos gerados somente do município de Viamão. Será?
Fecha-se a escola estadual para enterrar 540.000 toneladas de lixo no ano, ou 10.800.000 toneladas de lixo no bairro rural do Canta Galo, em Viamão, no Rio Grande do Sul.
Sugestão de leitura.
ATERRO SANITÁRIO EM VIAMÃO BUSCA LICENÇA AMBIENTAL PARA ENTERRAR 540.000 TONELADAS DE LIXO DE OUTROS MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO SUL