ACHE UM URUBU NA COLÔNIA DE GAIVOTAS NA ÁREA DE ATERRO SANITÁRIO EM BIGUAÇU SC

Um observador de aves é um entusiasta que se dedica a observar, identificar e apreciar aves em seu ambiente natural.

Essa atividade, chamada de birdwatching, pode ser um hobby ou uma paixão que envolve a contemplação, a fotografia e o estudo dessas espécies.

O termo também pode ser usado para quem pratica a observação como parte de seu trabalho, como os ornitólogos. A ornitologia é um ramo da zoologia dedicado a todos os aspectos relacionados às aves, incluindo sua taxonomia, ecologia, comportamento, fisiologia e conservação que são cientistas especializados em aves.

Esse observador de aves, que também é um ornitólogo, sabe que gaivotas ajudam a encontrar lixões e aterros sanitários com lixo a céu aberto. As gaivotas gostam de vasculhar o lixo, assim como os urubus. Ao fazê-lo, conduzem os observadores de aves e ornitólogos as áreas com lixo descoberto.

Sabem ainda, que buscar alimento em aterros sanitários é perigoso para as aves, pois o plástico que por lá existe acaba nos seus estômagos – e depois no ambiente.

O leitor ornitólogo, observador de aves, percorreu de veículo entre São Paulo e Porto Alegre, pela BR-101. Fez uso do Contorno Leste de Florianópolis inaugurado em 2024. Essa estrada tem 50 km de extensão contornando as cidades de Biguaçu, São José e Palhoça em Santa Catarina. A rodovia desvia o tráfego de longa distância e melhora o trânsito da BR-101, na região metropolitana da Grande Florianópolis.

Nesse trajeto rumo ao Sul, a esquerda do Contorno Leste de Florianópolis, está incrustado em área particular, o maior passivo ambiental de Santa Catarina, o aterro sanitário que recebe resíduos sólidos urbanos e domiciliares de mais de duas dezenas de municípios, inclusive da Capital.

Em maio de 2023, o veículo de comunicação ND+ divulgou que esse empreendimento aterro sanitário de Biguaçu/SC recebia em média 1.500 toneladas de resíduos sólidos urbanos e domiciliares por dia, algo em torno de 45.000 ton/mês.

Onde tem lixo, tem urubus e gaivotas entre outras aves. Gaivotas frequentam aterros sanitários porque são aves oportunistas que encontram uma grande quantidade de alimento fácil e acessível. Esse comportamento pode ser prejudicial para as aves, pois elas ingerem restos de lixo, incluindo plásticos e materiais contaminados, que podem causar doenças. Aterros sanitários, lixões lagos e cidades litorâneas também atraem gaivotas, que são encontradas em diversos ambientes, não apenas em locais de reprodução tradicionais.

As gaivotas são catadoras bastante intrépidas. Elas não têm escrúpulos em vasculhar os lixões e aterros sanitários com lixo a céu aberto, em busca de restos de comida.

Mas esse banquete tem um preço, indica um estudo publicado nos Archives of Environmental Contamination and Toxicology. Os cientistas examinaram o conteúdo estomacal de gaivotas que se alimentavam em aterros sanitários e descobriram que a maioria das aves estava enchendo seus estômagos com detritos humanos.

E não era apenas plástico — os estômagos das aves estavam repletos de vidro, metal e até mesmo materiais de construção, indicando que todos os tipos de detritos produzidos pelo homem podem estar colocando em risco a saúde dos animais, e a saúde pública.

O plástico quando ingerido por animais, esse lixo causa muitos danos. O plástico pode perfurar o trato digestivo e causar úlceras e infecções, ou imitar hormônios e interferir no sistema endócrino. Aves com o estômago cheio de lixo às vezes morrem de fome ou sufocadas. O plástico também tende a absorver outras substâncias químicas tóxicas, fazendo com que substâncias venenosas se acumulem no corpo dos animais.

Sabe-se menos sobre os perigos representados por outros tipos de lixo. “Há muita ênfase no plástico”, no entanto, as aves encontram todo tipo de sujeira, especialmente quando procuram alimento em lixões e aterros sanitários com lixo a céu aberto.

Para descobrir que tipo de lixo as gaivotas podem estar ingerindo, pesquisadores, ornitólogos, examinaram o conteúdo estomacal de 41 aves pertencentes a três espécies de gaivotas capturadas em um aterro sanitário em Newfoundland, Canadá.

Quase 80% das gaivotas tinham detritos em seus estômagos. Os pesquisadores identificaram 284 pedaços de lixo, dos quais 59% eram plásticos. Mas eles também descobriram espuma, papelão, papel manteiga, metal, vidro, gesso acartonado, tecido, borracha e itens reconhecíveis, como pedaços de copos de café e corda. O lixo que as gaivotas estavam comendo incluía elásticos, pedaços de sacolas plásticas e pedaços de isopor.

No entanto, é provável que o conteúdo estomacal dessas aves não represente a quantidade real de lixo que elas estão ingerindo. As gaivotas têm a capacidade de regurgitar itens que não conseguem digerir, o que significa que provavelmente estão engolindo ainda mais lixo do que o que restou em seus estômagos. “Se conseguimos observar números tão altos em gaivotas, podemos inferir que definitivamente existe muito mais plástico por aí que outros animais estão ingerindo”.

Além de reduzir a quantidade de plástico e outros resíduos que descartamos, não há muito que possamos fazer para impedir que as gaivotas os devorem. No entanto, talvez consigamos diminuir a quantidade de lixo que os animais comem nos aterros sanitários com lixo a céu aberto, e nos lixões, fazendo uso de tecnologias para triagem e reciclagem de plástico, e demais resíduos que vão parar nos aterros sanitários.

Em Santa Catarina, onde se encontra o maior passivo do estado, o grupo Veolia possui campanhas ativas sobre resíduos, com destaque para a campanha “Recicle Seus Hábitos“.

Campanha “Recicle Seus Hábitos”

Esta é uma campanha de coleta seletiva lançada pela Veolia em cidades catarinenses como Barra Velha, Brusque, Penha e Balneário Piçarras. O objetivo é incentivar a população a transformar sua relação com o meio ambiente através da separação correta de resíduos. A campanha busca promover a conservação dos recursos naturais e o consumo consciente, garantindo que materiais recicláveis, como papel, plástico, vidro e metal, tenham o destino apropriado.

Mas é preciso dar exemplo nos locais onde é destinado diariamente algo perto de 1.500 toneladas de resíduos sólidos urbanos e domiciliares. Os aterros sanitários não podem manter lixo a céu aberto.

Consta na LICENÇA AMBIENTAL DE OPERAÇÃO N° 378/2021 do aterro sanitário em Biguaçu/SC, página 16 de 20, onde pode se ler “7. Manter a frente de trabalho reduzida, com compactação e recobrimento adequado diário. Deverá ser executada camada de cobertura sanitária diária da frente de trabalho com solo ou material inerte. Assim, enquanto não for realizado o encerramento definitivo da célula/vala, essa deve receber recobrimento temporário com material adequado que promova o isolamento constante, evitando assim a emissão de odores, proliferação de animais/vetores e diminuição da geração de chorume”.

Aterro sanitário em Biguaçu/SC com aves sobrevoando o lixo a céu aberto.

Se você leitor não encontrou o urubu na colônia de gaivotas em área de aterro sanitário em Biguaçu, está aqui a imagem que esclarece a localização.

A presença de urubus em uma colônia de gaivotas pode resultar em conflito, especialmente se houver a percepção de uma ameaça. Gaivotas frequentemente veem urubus como potenciais predadores, especialmente de seus ovos e filhotes. Quando um urubu se aproxima, as gaivotas costumam se unir para alertar as outras e, às vezes, atacar ou espantar o urubu (um comportamento conhecido como “mobbing”).

“Sai pra lá urubu”: Figurativamente pode ser usada para expressar o desejo de que algo negativo se afaste, com o “urubu” representando essa energia ruim.

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