VIAMÃO: MPF ENTRA NA JUSTIÇA E REQUER A NULIDADE DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO DE ATERRO SANITÁRIO DO GRUPO QUEIRÓZ GALVÃO

O presidente da OSCIP Ação Ambiental, Sr. Jadir Silva de Lima, foi comunicado que o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública, (Ação Civil Pública nº 5020814-62.2025.4.04.7100/RS) com pedido de liminar, para assegurar o direito à consulta prévia, livre e informada das comunidades indígenas localizadas no município de Viamão.

A consulta a comunidade indígenas Mbya Guarani do Cantagalo (Tekoá Jataity) e aos Cantagalo 2 (Tekoá Kaguymiri) deve tratar sobre a possível instalação do aterro sanitário denominado CGA FIGUEIRAS de titularidade da EBMA – Empresa Brasileira de Meio Ambiente S.A., que é controlada pela Vital Engenharia Ambiental S.A., ambas integrantes do Grupo Queiróz Galvão.

O projeto que está em tramitação na Fundação do Meio Ambiente do Governo do Rio Grande do Sul, informa que a área do aterro sanitário está localizada na Fazenda Montes Verde (de propriedade da família Bianchini), na zona rural de Viamão/RS, dentro do distrito de Itapuã.

O MPF solicitou, com urgência, a suspensão imediata do processo de licenciamento ambiental que tramita na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

Além disso, pede que a Funai, Fundação Nacional dos Povos Indígenas, e o município de Viamão não realizem atos relacionados ao empreendimento privado sem a devida consulta aos indígenas guaranis.

Por fim, pede que a Empresa Brasileira de Meio Ambiente (EBMA) seja proibida de realizar qualquer procedimento para a instalação do aterro até que a consulta seja realizada.

Ao final da inicial da ação civil pública, o MPF pede a decretação de nulidade do processo de licenciamento desde o início e a confirmação da liminar.

Segundo o MPF, as comunidades indígenas Mbya Guarani do Cantagalo manifestaram sua discordância com a instalação do aterro sanitário, temendo que o empreendimento possa afetar seu modo de vida, sua relação espiritual com o território, a fauna, a flora e os recursos hídricos da região. O MPF também destaca preocupação com o aumento do fluxo de veículos, especialmente caminhões e o consequente incremento da circulação de juruá (não indígenas) na região.

“A comunidade teme que essa maior interação possa levar a uma série de impactos negativos, incluindo o aumento do contato intercultural prejudicial ao modo de vida guarani, risco de atropelamentos, problemas de saúde, discriminação e preconceitos, desrespeito às suas particularidades étnicas e culturais, e até mesmo o surgimento de problemas sociais como prostituição e tráfico de drogas”, pontua o procurador da República Ricardo Gralha Massia.

Em outro trecho da ação, o procurador da República aponta os possíveis danos ambientais que o empreendimento pode gerar. Segundo ele, a Fazenda Montes Verdes está situada em uma área com características ecológicas e hidrológicas que a tornam particularmente vulnerável aos impactos negativos decorrentes da operação de um aterro sanitário e, por consequência, ao bem viver das comunidades indígenas do entorno. Para o procurador responsável pelo caso, a proximidade com a APA torna inviável a instalação do aterro sanitário, uma vez que a APA do Banhado Grande tem como objetivo a proteção dos banhados formadores do Rio Gravataí, buscando compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação dos ecossistemas naturais.

Além disso, o MPF aponta que a contaminação da água pelo chorume do aterro sanitário tem o potencial de se alastrar pelo Arroio Alexandrino e Arroio Checo Barcelos, atingindo o Rio Gravataí e o Lago Guaíba. Segundo a ação, a tal contaminação pode afetar o abastecimento de água de milhares de habitantes nos municípios de Gravataí, Alvorada e Viamão.

Na área do aterro sanitário há nascentes que imopedem a instalação de aterro sanitário. A área é sensível ambientalmente e corre risco de contaminação com a eventual criação do aterro sanitário.

O leitor pode acessar matéria que tem por título ÁREA EM VIAMÃO DA EBMA-VITAL-QUEIRÓZ GALVÃO É IMPRÓPRIA AMBIENTALMENTE PARA A IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO, de 15 de fevereiro de 2024, publicada no Blog dinheiro Público, que pode ser lida aqui.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui