Aterro sanitário da Caximba é palco da instalação da “Pirâmide Solar”, obra do governo Greca, que esqueceu de promover a audiência pública com os moradores

O empreendimento público Aterro Sanitário da Caximba, popularmente conhecido por “Lixão da Caximba”, volta a ser destaque nos meios de comunicação do Paraná, desta vez porque o prefeito Rafael Greca quer implantar uma “Pirâmide Solar” no empreendimento desativado.

Na verdade, são painéis fotovoltaicos que captam a energia solar e que serão dispostos sobre a área do Aterro Sanitário da Caximba, em forma escalonada, dando a entender que se trata de uma pirâmide.

Caximba fica distante 23 km do centro da cidade de Curitiba. O prefeito Rafael Greca já esteve no bairro da Caximba em ano de eleição, quando conheceu o aterro sanitário. Até o apresentador de televisão Luciano Huck já conheceu o bairro da Caximba. É famoso o bairro. O mundo sabe que a Caximba tem um grande passivo ambiental.

Em 20 de novembro de 1989, a Prefeitura de Curitiba iniciou a operação do Aterro Sanitário da Caximba, localizado ao sul do município de Curitiba.

O bairro da Caximba, onde se encontra encravado o “Lixão da Caximba”, está situado entre os municípios de Araucária e Fazenda Rio Grande.

A Prefeitura de Curitiba ao idealizar o Aterro Sanitário da Caximba, fez constar que esse empreendimento iria receber o total de 3.239.500 toneladas de lixo, para uma vida útil de 11 anos e 5 meses. Isso significa dizer que, em 20/11/1989, quando foram abertos os portões do empreendimento municipal para a operação de recebimento do lixo de Curitiba e de municípios da região metropolitana, a projeção técnica para o fechamento do Aterro Sanitário da Caximba teria que ocorrer em abril de 2001. Mas não foi o que aconteceu.

Esse famigerado Lixão da Caximba, da Prefeitura de Curitiba, operou e infernizou a vida dos moradores do bairro da Caximba, por 21 anos.

Fotos – Autor: Enio Raffin – 29/10/2010

Cheiro de lixo insuportável que penetrava no sistema respiratório. Sistema do corpo que é o responsável por garantir a captação do oxigênio presente no ar, levado para todas as nossas células e usado na fabricação de energia (respiração celular). No processo de fabricação de energia, é produzido gás carbônico, que depois é eliminado para fora do corpo também pelo sistema respiratório. Vale deixar claro que, além de participar da respiração, esse sistema possui estruturas que garantem a produção dos sons e a percepção dos odores. E claro todos os moradores da Caximba tinham a percepção do odor insuportável do lixo. Isso por 21 anos.

Ao longo de 21 anos, o “Lixão da Caximba” recebeu mais de 12 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, contrariando o descrito no projeto público. Quando encerrou as atividades, em outubro de 2010, ou seja, 21 anos após a abertura do local, esse empreendimento famigerado recebia uma média de 2,4 mil toneladas por dia de resíduos de 18 municípios da Região Metropolitana de Curitiba, incluindo a Capital.

Mesmo tendo sido desativado, em 31/10/2010, por decisão da Justiça do Estado do Paraná, o Lixão da Caximba expõe a população a riscos. O lixo orgânico lá enterrado continua se decompondo e produzindo um líquido escuro e tóxico, chamado de chorume, que tem que ser tratado. A decomposição do resíduo orgânico produz gás metano, tóxico e explosivo.

Em cima desse aterro sanitário desativado ocorre ainda a decomposião de resíduo orgânico que produz gás metano, tóxico e explosivo, local onde a Prefeitura de Curitiba quer instalar milhares de placas fotovoltaicas para criar a Pirâmide Solar da Caximba.

Moradores do bairro da Caximba a frente do Aterro Sanitário da Caximba em 31/10/2010 – Data de fechamento do famigerado lixão após 21 anos.

Em 04/03/2020, o prefeito de Curitiba Rafael Greca já noticiava no seu facebook, que iria implantar uma “planta fotovoltaica e de biomassa na área do Aterro Sanitário da Caximba com 51% da participação da Prefeitura de Curitiba e 49% da Companhia Paranaense de Energia (Copel), do governo do Estado do Paraná.

Quase 15 meses depois desse anúncio público, o prefeito Rafael Greca confirmou recentemente que vai assinar a liberação de R$ 46 milhões para a implantação do projeto Pirâmide Solar da Caximba.

A Pirâmide Solar da Caximba poderá produzir anualmente 18.600 megawatts, o que equivale a 43% da energia consumida por todos os prédios da Prefeitura de Curitiba. Isso é o que afirma o prefeito Greca.

Mas o prefeito Rafael Greca esqueceu de consultar os moradores do bairro da Caximba, tendo por objetivo a implantação da Pirâmide Solar no Aterro Sanitário da Caximba.

Movimento de moradores nativos do bairro da Caximba tem como objetivo dar conhecimento ao Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR), para que obrigue a Prefeitura de Curitiba realizar a audiência pública sobre a Pirâmide Solar da Caximba.

Cabe lembrar o prefeito Greca, que por 21 anos os moradores conviveram com o famigerado “Lixão da Caximba”, e que hoje, sem ter a Prefeitura de Curitiba promovida a audiência pública sobre a Pirâmide Solar, os munícipes entendem que devam participar da decisão sobre o destino do lucro social, esse oriundo da geração de energia decorrente de empreendimento na área do Aterro Sanitário da Caximba.

É importante que o prefeito Rafael Greca saiba, que os moradores nativos do bairro da Caximba, que conviveram por 21 anos com as nocividades produzidas por milhares de toneladas de lixo descartadas dia e noite no aterro sanitário, inclusive resíduos de saúde lá enterrados, de que ainda hoje não são atendidos com o saneamento básico.

Basta convidar o morador nativo Jadir Silva de Lima para uma caminhada com o prefeito Greca pelas ruas e vielas do bairro da Caximba, assim como os dois fizeram quando era candidato a prefeito de Curitiba, e vão se deparar com o esgoto a “céu aberto”, ou seja, primeiro o projeto de visibilidade para o executivo municipal, a Pirâmide Solar e depois o projeto para a saúde pública dos moradores da Caximba. Só se espera que o saneamento básico não fique na promessa por 21 anos.

É isso mesmo, o bairro da Caximba não conta com rede coletora de esgoto e mais de 10.000 residências destinam seus resíduos sanitários em fossas e nas valetas a céu aberto no bairro, contribuindo e ampliando a poluição dos moribundos rios Barigui e Iguaçú. Vergonha para Curitiba que se gaba como sendo a cidade da tecnologia e da energia solar.

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