A expressão “onde tem fumaça, tem fogo” serve ao empreendimento da prefeitura de Belém do Pará, no Brasil.
Não há qualquer dúvida de que a fumaça no Lixão de Aurá em Belém, no Pará, há sinais ou indícios de algo, muito provável que esse algo esteja acontecendo de fato. A fumaça seria o sinal ou indício, e o fogo a verdade ou o evento que se espera.
A exatos 150 dias da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, COP30, evento internacional que será realizado na cidade de Belém, capital do Pará, entre 10 e 21 de novembro de 2025, o que se vê hoje são sérios problemas na área de limpeza urbana, resíduos sólidos e meio ambiente.

E não há o que possa prevenir um eventual caos na cidade de Belém, que nos dias de COP30 poderá conviver com a fumaça do Lixão de Aurá.
Não há tempo para resolver as ocorrências que envolvem a prefeitura de Belém e a Ciclus Amazônia S.A., 53.769.781/0001-40, empresa privada contratada por R$ 900 milhões para gerir a coleta de lixo da Capital, por 30 anos.
Com pagamentos mensais de R$ 32 milhões, a Ciclus Amazônia S.A. enfrenta acusações de descumprimento contratual, acumula mais de 200 notificações da prefeitura de Belém e é alvo de um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) protocolado na Câmara Municipal na data de 11/06/2025.
Os participantes da COP30, os países, cientistas, Ongs e representantes da sociedade civil que vão discutir estratégias para combater as mudanças climáticas e alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, poderão conviver com a fumaça do Lixão de Aurá, empreendimento da prefeitura de Belém que e operado por meio de concessão pública pela empresa Ciclus Amazônia S.A., 53.769.781/0001-40.
A Ciclus Amazônia S.A. é uma empresa responsável pela gestão de resíduos sólidos em Belém, Pará, através de uma parceria público-privada. A empresa está vinculada à Ciclus Ambiental, uma holding do Grupo Simpar, que tem por presidente Fernando Antônio Simoes.
No portfólio do grupo Simpar estão a JSL transporte de resíduos sólidos urbanos e outros e a CS Brasil que atua na área de meio ambiente e resíduos sólidos urbanos.
O vereador Michell Durans (PSB) liderou a iniciativa da CPI, subscrita por 23 vereadores de Belém, para apurar irregularidades na contratação e execução do contrato firmado em fevereiro de 2024, sob a gestão do prefeito Edmilson Rodrigues.
Em discurso na tribuna, Durans classificou a situação como “caos” e uma “grave ameaça à saúde pública e ao erário”. “A Ciclus não cumpre suas obrigações, não resolve o problema do lixo e descumpre condicionantes contratuais. Um contrato de R$ 32 milhões por mês não pode ser tratado com silêncio por esta Casa”, afirmou o vereador.
Relatórios da Secretaria de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel) e da Agência Reguladora Municipal de Belém (Arbel) apontam falhas reiteradas, como acúmulo de lixo domiciliar e entulho nas ruas, déficit de funcionários e descarte irregular de resíduos orgânicos no Lixão de Aurá, que deveria ser usado apenas para entulho. A Sezel também identificou caminhões de lixo com resíduos acumulados, em vez de descarregá-los no Aterro de Marituba, como determina o contrato.
Na última terça-feira (10), um incêndio ocorreu no Lixão de Aurá, que deveria estar desativado, tendo esse empreendimento gerado uma nuvem de fumaça que afetou a qualidade do ar da cidade de Belém. Imaginem os leitores que essa ocorrência se dá a 150 dias do COP30. E que pode se repetir.
Dia seguinte, na quarta-feira (11), uma força-tarefa da Sezel, liderada pelo secretário Cleiton Chaves e pelo presidente da Arbel, Ricardo Coelho, vistoriou o Lixão de Aurá e confirmou as irregularidades.
A Polícia Civil que realizou operação no local na terça-feira, conduziu o gerente da Ciclus, e três colaboradores, à Delegacia de Meio Ambiente (Demapa) após flagrar descarte irregular de lixo orgânico. Caçambas de entulho também foram encontradas saindo do Aurá sem vedação adequada, violando normas ambientais.
A defesa da Ciclus
A Ciclus Amazônia se manifestou a imprensa, onde reitera seu “compromisso com a legalidade e a responsabilidade socioambiental”. A empresa afirma cumprir normas ambientais e estar em processo de licenciamento para remediar o Aurá e construir um novo Centro de Tratamento de Resíduos na região metropolitana, com tecnologias modernas para tratamento de chorume e captação de biogás.
A companhia nega envolvimento direto no incêndio e repudia “associações indevidas”, destacando que atuou para controlar o fogo em proteção à área e aos moradores.
O caso da Ciclus escancara a crise na gestão de resíduos sólidos em Belém, com impactos diretos na saúde pública e no meio ambiente. Isso a 150 dias da COP30.
Já a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel), declarou que exigirá da Ciclus explicações sobre o incidente e cobrará reforço na segurança e na fiscalização da área.
Em nota, o município reforçou que, embora a investigação esteja em curso, a responsabilidade pela segurança do empreendimento é da empresa, conforme contrato de concessão vigente.
A fumaça provocada pelo incêndio atingiu diversos bairros da cidade, como Icoaraci, Tapanã, Águas Lindas e até partes do centro, comprometendo a qualidade do ar e causando desconforto à população.
O antigo Lixão havia sido desativado oficialmente em 2014, mas ainda segue cercado por problemas estruturais, sociais e ambientais.
A origem das chamas ainda é desconhecida e será investigada por órgãos como a Polícia Científica e o Corpo de Bombeiros.
E a COP30 poderá conviver com a fumaça de queima de resíduos orgânicos e plásticos e outros.
Um erro em novembro 2025 pode levar a imagem da falta de gestão de resíduos na cidade de Belém. A COP30 deverá receber cerca de 50.000 pessoas, incluindo a “família COP” (equipes da ONU e delegações de países membros), com a expectativa de mais de 40.000 visitantes durante os principais dias da conferência. A Vila COP, projetada para receber líderes, chefes de Estado e representantes das 190 nações, também fará parte da estrutura do evento.
O escândalo do Lixão de Aurá poderá ser visto no Mundo ao vivo e a cores.